segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

CORPOS MUTANTES

 Comentários de ensaios do livro:



Corpos mutantes: ensaios sobre novas (d)eficiências corporais/organizado por Edvaldo Souza Couto e Silvana Vilodre Goellner – 2. ed. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2009.




Corpo Cyborg e o dispositivo das novas tecnologias
 Homero Luís Alves de Lima


O crescente desenvolvimento científico-tecnológico nas diversas áreas do conhecimento cria possibilidades de inúmeras transformações no Corpo Humano.
Próteses, órgãos artificiais, tecidos sintéticos, prontuários eletrônicos, diagnósticos por imagens, entre outros estão disponíveis para que as pessoas tenham cada vez mais saúde e/ou um corpo perfeito atendendo aos padrões estéticos da nossa sociedade.
Os avanços tecnológicos difundiram os conceitos de ciborgue que vão além dos laboratórios e dos filmes de ficção-científica, na atualidade são inúmeras as pessoas que fazem uso de órgãos artificiais, próteses implantadas e outros tantos recursos que nos fazem pensar em novos conceitos: corpo pós-humano, corpo pós-biológico, corpo ciborgue, corpo informação.
As relações contemporâneas corpo e tecnologia abrem fronteiras para o sonho de se fundir homem e máquina.


Os percursos do corpo na cultura contemporânea
Malu Fontes

A autora faz uma abordagem das grandes mudanças do estatuto do corpo ao longo dos anos para atender a diferentes fatores, ora de ordem geopolítica ora por conta dos grandes avanços tecnológico e científico. Modelar o corpo através das aulas nas academias de ginástica aos poucos vem sendo substituídos pelas clinicas médicas onde cirurgiões plásticos moldam estes corpos para atender as exigências da mídia que cada vez mais potencializa o corpo esculpido tão valorizado na nossa cultura.  
Alavancado principalmente pelo universo feminino a busca incessante pelo corpo idealizado ganha cada vez mais notoriedade e hoje se apela para sistemáticos programas de exercício físico, dietas, medicamentos, procedimentos cirúrgicos entre outros, tudo isto para atender as características físicas divulgadas na mídia como padrão estético.  As pessoas que estão fora dos padrões de beleza aceitos pela sociedade parecem ser invisíveis e só são notados quando apresentados em espetáculos ou denúncias.
O corpo culturalmente aceito não está diretamente relacionado à beleza física, e sim a um corpo que pode ser mutável a partir de procedimentos estéticos, uso dos avanços tecnológicos na área da medicina para construir um corpo que atenda as exigências midiáticas. 


Velhice, palavra quase proibida; terceira idade, expressão quase
hegemônica
Annamaria Palácios

A autora faz uma analise sobre as transformações na semântica da palavra velhice que aos poucos vem sendo substituída pelo vocábulo terceira idade e, essa mudança decorreu por conta, principalmente, dos anúncios publicitários de cosméticos. Associar velhice a incapacidade física e terceira idade a um envelhecer “saudável  e jovial na maturidade reforça um padrão de beleza juvenil  ao tempo que associa envelhecimento a incapacidade  física. Sendo assim não basta apenas substituir o termo  velhice por melhor idade mais também adotar uma vida com mais qualidade onde atividades físicas, práticas terapêuticas alternativas, adoção de dietas passam a ser palavras de ordem.  Estas tendências podem mudar assim que novos modelos comecem a surgir e serem aceitos socialmente.


Corpos amputados e protetizados: ”naturalizando” novas formas de habitar o corpo na contemporaneidade
Luciana Paiva

O corpo ao longo da sua existência terrena passa por transformações inerentes
ao processo de envelhecimento, mas também pode ser transformado por escolhas para buscar aperfeiçoar sua estética fazendo uso dos diversos recursos cirúrgicos e estéticos. No entanto em situações adversas e inesperadas o corpo pode sofrer transformações motivadas por doenças e acidentes.
A autora descreve o caso de nove pacientes adultos de uma clinica de reabilitação e uso de próteses desde a fase inicial da incorporação da prótese passando pelo processo de adaptação, como cada um deles vivenciaram a interação entre corpo e maquina e como estas próteses possibilitaram um novo estilo de vida em uma nova configuração graças a tecnologia que permite ao individuo reescrever a sua história.


A performance do híbrido: corpo, deficiência e potencialização
Varlei Novaes


Narrando dois casos de cadeirantes Varlei reflete sobre a relação entre corpo e maquina, entre sujeito e objeto que busca potencializar corpos ineficientes para participar de eventos competitivos, e analisa significados culturais atribuídos aos atletas que utilizam cadeiras de rodas produzidas com alta tecnologia para participar de competições. O uso destas cadeiras vai alem da utilização como forma de locomoção para repor o movimento, é na verdade uma prótese que aumenta seus rendimentos esportivos. Ao abordar a junção do homem com a maquina e mostrar como as fronteiras natural/artificial, orgânico/inorgânico têm sido borradas nesse processo e têm gerado novas identidades culturais reflete as diferenças destes corpos potencializados pela maquina que pode promover um maior entendimento sobre cada um de nós “não potencializado.

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